segunda-feira, 7 de junho de 2010

Olha o rapa!

Sou rico e sem dinheiro, brasileiro e estrangeiro
Sou casado, sou solteiro e assim eu sou feliz
Mas eu vivo na lona, mas é lona de barraca
Só não compra quem é bobo, pois na minha é mais barata
Quem vai querer?
Vou vivendo a vida distraído olhando o mundo
De olhos abertos vou gritando, vou vendendo
Quem tá comigo, tá com Deus, mas é preciso ser malandro e muito esperto, olha o rapa!
Nonato Buzar/Mônica Silveira


Saí de casa na tarde de domingo de 30 de maio de 2010. Fui assistir ao jogo do Coringão. Em dias de jogos me alimento na rua. Foi difícil dessa vez. Cheguei ao estádio do Pacaembu uma hora antes do jogo começar. Já havia comido acarajé no bar “a rota do acarajé”, no bairro de Santa Cecília. Continuava com fome, um acarajézinho é pouco para suportar o sofrimento do Timão. Procurei alguma coisa para rangar e achei dois ambulantes, um deles vendendo espetinho de carne e o outro vendendo queijo de coalho. Imaginem dois ambulantes trabalhando para mais de 30 mil corintianos famintos!

Circulei a praça Charles Muller e avistei um vendedor de espetinhos sendo abordado pelo rapa. Em São Paulo, o rapa é a guarda civil metropolitana. Homens vestidos de azul escuro, portando algemas, armas de fogo e cacetete. Deve ser perigoso abordar um ambulante portando espetos de madeira! É como uma flecha indígena.

Se um cidadão paulistano achar um vendedor de espetinhos de carne, é melhor pagar pelo espeto só na hora que estiver pronto, pois, o rapa pode chegar e o cliente ficar sem a carne e sem a grana. Essa falta de comida deixou os torcedores corintianos à flor da pele. Entrei rapidamente no estádio para comer alguma coisa. Só não como mais hot-dog. É permitido comercializar cachorros-quentes nas ruas, mas não espetinho de carne, queijo de coalho.
Na manhã da segunda-feira abri o jornal para ler o que a crítica esportiva escreveu sobre a vitória corintiana. Me deparei com uma matéria sobre a proibição da venda de acarajés nas ruas da capital paulista. Algumas baianas deixaram a cidade de Salvador para vender acarajé no passeio público paulista. Hoje, estão fazendo outras coisas, porque é desautorizado vender bolinho de feijão fradinho tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Fechei o jornal e coloquei o disco do Caetano Veloso para tocar. Acendi um cigarro e cochilei. Qualquer dia boto fogo na casa.
Eu digo sim, eu digo não. Eu digo é proibido proibir... é proibido proibir... Vocês não tão entendendo nada, nada, absolutamente nada!

Hora de fazer
Saia de casa para fazer um pic nic em alguma praça pública. Leve seu par e uma garrafa de vinho. Uma baguete francesa com manteiga. Alguns damascos secos para a sobremesa. Aproveite enquanto pode.

Nenhum comentário:

Postar um comentário