quarta-feira, 12 de maio de 2010

Carta ao leitor

Caro leitor, como é difícil falar de comida quando acabamos de sair de uma semana de comilança pura, uma orgia gastronômica. Orgia que não dá em litígio, só em vontade de começar a comer de novo e trair os pratos da ceia com uma comidinha... sabe aquela comidinha da vovó?... a minha avó fazia... Enfim comida simples! O ato de abrir a geladeira e começar a fuçar. O que tem de sobras, se tem algo em estado inicial de putrefação... Ovo quase podre, aquela azeitoninha começando a cheirar azedo. Só que, caro leitor, tomemos cuidados com os quase-podres. Esses podem nos levar a óbito, ou a um hospitalzinho, um sorinho na veia. E aí o que era prazer vira desgosto. Por falar em desgosto...
Outro dia estávamos no mercado, escolhendo alface lisa. Do nosso lado, estava um tubinho daqueles de cloro para desinfetar saladas e na embalagem uma etiqueta com os dizeres: “Pode ser usado para desinfentar ovos, evitando, assim, a salmonela.” A dureza de comer ovo e ter uma salmonela podem ser evitados com o simples mergulhar dos ovos na água com gotinhas desse clorinho de mercado. Salmonela está quase cem por cento na casca do ovo. Segundo Alícia e ElBullitaller (2008, p. 213), salmonela é “um microorganismo de tipo bactéria, que normalmente se encontra nas cascas dos ovos das aves. Para os autores, uma forma de evitar é a desinfecção com produtos ácidos ou oxidantes, como o vinagre e o clorinho (hipoclorito de sódio) que vimos nesse mercado no dia em que buscávamos uma alface para desintoxicação da overdose alimentar que tivemos nas festas de final de ano, finado ano velho.
Bom, chega de salmonela, leitor. Só de falar dá arrepio. Vamos voltar às sobras da geladeira. Mais exatamente na nossa sobra aqui de casa: arroz que sobrou do natal, presunto royale, ovos, ervilha, pernil da ceia e tomate. Pensando bem essas sobras merecem uma homenagem a nossa avó Irene lá do Botafogo. Eita velhinha que cozinha bem! Velhinha no sentido carinhoso, porque ela está bem enxutona ainda, regando suas plantinhas todo o dia. Lá vai a receita, leitor. Pegue a caneta...

Hora de fazer

Risoto caipira (o famoso arroz de forno, porque se um italiano ler essa matéria é capaz de correr atrás da gente com um pau de macarrão)

Ingredientes
Arroz que sobrou (3 pratos)
200g de presunto
200g mussarela
1 lata de ervilha
4 ovos
300g de pernil que sobrou desfiado
2 tomates
Sal e orégano a gosto

Hora da “mão na massa”
Pegue o arroz pronto e coloque num pirex de forno. Quebre dois dos ovos, misture ao arroz, acrescente o pernil desfiado, o presunto, a ervilha, a mussarela. Adicione sal a gosto e misture tudo. Cozinhe os dois ovos que restaram à parte, corte os tomates em rodela. Decore a forma de arroz com os tomates já cortados e os ovos cozidos. Orégano a gosto por cima de tudo. Leve ao forno pré-aquecido para dourar. Quem gostar, pode ralar queijo parmesão antes de colocar no forno.

Referências
ALÍCIA; ELBULLITALLER. Léxico científico-gastrônomico: as chaves para entender a cozinha de hoje. Tradução de Sandra Trabucco Velenzuela. São Paulo: Senac, 2008.

Então, leitor, larga essa coluna e vá até a geladeira para dar uma fuçadinha básica. Grande abraço e feliz ano novo. Ano novo com muita comida!
Felipe Tomasi e Carolina Tomasi (felipetomasi@hotmail.com e carollausp@hotmail.com)

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