quarta-feira, 12 de maio de 2010

Comida à pampa

“Em todas as estâncias veem-se muitos ossos de bois espalhados por todos os cantos e, ao entrar nas casas de fazendas, sente-se logo o cheiro de carne e de gordura.”
Auguste de Saint-Hilaire


Hoje, trago para vocês, leitores, um pouco da culinária gaúcha. Esse Estado belíssimo em que as estações lembram o velho continente europeu. Talvez o fogo seja o maior símbolo da culinária e da guerra dos farrapos. Juntamente com o fogo, veio o churrasco gaúcho, que foi desenvolvido pelos índios charruas! A culinária gaúcha é bruta assim como a farroupilha, regada a muito sangue de boi e de homens. No Rio Grande do Sul, o sal é o único tempero da carne! E precisa de mais? Não, segundo a opinião dos gaúchos e a minha também, mas a minha não conta...
Não é só de churrasco que a culinária gaúcha é composta. Os europeus também contribuíram para o seu desenvolvimento. Os alemães trouxeram o café colonial, tradicional nas tardes de domingo. Não é um simples cafezinho preto, mas um café completo, com pães, tortas, bolos, doces e carne de porco com repolho! Os italianos ocuparam-se do galeto com espaguete e vinho, que atualmente está causando euforia em alguns entendidos... Para estes últimos, o único vinho realmente bom no Brasil é o espumante.
O chimarrão é um ritual gaúcho, paraguaio, uruguaio, argentino, guarani (índios) e mato-grossense. A palavra chimarrão significa coisa ou pessoa que foge ou gosto amargo da erva-mate. No centro-oeste, adiciona-se água gelada ao chimarrão por causa do calor... muda o nome: tereré!
Não poderia me esquecer do arroz de carreteiro. A palavra carreteiro denomina os peões que percorriam os pampas e os caminhos gaúchos. É uma comida de confraternização, e cada família tem um jeito de fazer. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do país. Bahhh!!!
Barbaridade, quase esqueci da receita, Tchê!! Lá vai...

Hora de fazer

Arroz de carreteiro

1kg de carne-de-charque
6 colheres de sopa de óleo
1 cebola
3 dentes de alho
2 xícaras e meia de arroz
1 pimentão vermelho

Corte a carne-de-charque em cubos e deixe-a de molho de um dia para o outro, trocando a água regularmente. Aqueça uma panela de ferro (se tiver uma em casa) coloque o óleo, a cebola, o pimentão vermelho e o alho, mexendo sempre. Quando a cebola dourar, coloque a carne e mexa-a até fritá-la. Junte o arroz e frite um pouco. Coloque água fervente até três dedos acima do nível do arroz (não esqueça de tirar os dedos, senão queima). Verifique o tempero, reduza o fogo e cozinhe com a panela tampada. Se o arroz não cozinhar quando a água secar, acrescente um pouco mais de água fervente. Tampe a panela e deixe acabar o cozimento. O arroz fica melhor se servido ainda úmido.

Referências
SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem ao Rio Grande do Sul. Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Edusp, 1974.
CAVALCANTI, Pedro. A pátria nas panelas: história e receitas da cozinha brasileira. São Paulo: Senac, 2007.
FERNANDES, Caloca. Viagem gastronômica através do Brasil. 8. ed. São Paulo: Senac, 2007.
HOUAISS, Antonio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.

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