quarta-feira, 12 de maio de 2010

Um bom lugar para comer com os amigos

“Criação: ação humana de dar existência ao que não existe.”
Antonio Houaiss

Sair da capital Paulista, em um fim de semana, parece ilusão. As pedras no caminho não param de rolar e, ao passar pelo aeroporto internacional de Guarulhos, avistei um imenso presídio. Há pouco quem estava preso era eu (o trânsito era insuportável); daí rapidinho me senti livre como uma galinha de angola... As montanhas da serra da mantiqueira se aproximavam, tive a impressão de assitir a um filme de Holywood... me senti um caubói, mas as placas da estrada anuciavam queijos frescos... Opa! Cheiro de Minas Gerais. O coco gelado a dois reais me atraiu, estacionei o carro, entrei no mini-mercado, mas não havia coco ali: só queijo... pura realidade: eu estava nas montanhas.
Passado o momento lisérgico do verde apenino, retomei a consciência: 12h30min. Meus amigos me esperavam para dar alimento a seus corpos e a suas almas: duas coisas difíceis de se nutrir! Depois da recepção gelada (cerveja original no copo), fomos procurar um restaurante. Demos um giro pelo vilarejo e foi difícil escolher um lugar. Leitor, você deve estar achando que não tínhamos opção para comer... engano seu! Impressionante a gastronomia local: restaurante com a qualidade paulistana, sem nenhum preconceito nessa minha manifestação. A nova cozinha caipira estava debaixo dos nossos olhares... não podíamos acreditar. De dez restaurantes, oito eram de cozinha caipira moderna e dois eram bistrôs franceses. Que maravilha: carne de porco, cachaça, ratatouille, croissant, café e macaron!
Esconder-se nas montanhas era o segundo objetivo do fim de semana. Água da bica para hidratar, rede preguiçosa para deitar, cural para adoçar a boca e café para acordar: café de moca. Tínhamos um encontro marcado com um cabloco que se chamava Zé Mané, de Mané o cara não tinha nada, nadinha. Esperto feito uma galinha caipira. Esse sujeito foi quem pegou a galinha para o nosso jantar. Nunca vi alguém tão íntimo dos bichos! Ele jogava um bocadinho de milho no terreiro e tinha todas as galinhas em sua mão! Ele trouxe uma galinha apenas, conforme o combinado; ela estava amarrada pelas patas. O bicho pesava 1,5 Kg e era bonitinha a danada. Amarradinha pelo pé em um varal... coisa de cinema (Tarantino)... ele torceu o pescoço dela, elegantemente! A criação é divina! O homem cuida do animal, fica íntimo dele e, por sedução, o põe na panela... Isso é que é manipulação!

Hora de fazer

Galinha de cabidela
4 colheres de sopa de vinagre
Galinha viva (cerca de 2 kg)
1 cebola grande picada
2 colheres de coentro
½ colher de chá de cominho
2 dentes de alho amassados
½ colher de chá de pimenta-do-reino
Sal a gosto
2 colheres de banha de porco ou óleo vegetal
1 colher de sopa de farinha de trigo

Deite o vinagre em prato. Sangre a galinha, cortando-a no pescoço e deixe o sangue cair no prato com o vinagre. Depene a galinha mergulhando-a na água fervente e retirando suas penas. Depois de depenada, passe-a pela chama do fogão. Abra a galinha e corte-as em pedaços, deixe somente a carne e os miúdos: moela, fígado, e até o coração. Lave-a com limão em seguida. Ponha-a em uma tigela com a cebola, o coentro, o cominho, o alho, a pimenta e sal a gosto. Deixe descançando por 2 horas no mínimo. Numa panela, aqueça a banha em fogo alto, junte os pedaços da galinha e refogue até dourar. Regue-a com água quente e cozinhe-a até ficar macia. Dissolva a farinha de trigo em um pouco de água, junte o sangue reservado e mexa bem. Despeje sobre a galinha com o molho fervente, tampe e cozinhe por 1 minuto. Tire do fogo e sirva.

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