quarta-feira, 12 de maio de 2010

Vida e morte pela boca

“Traga-me um copo d’água tenho sede e esta sede pode me matar”.
Anastácia e Dominguinhos

A ingestão de alimentos é fonte de vida. Os homens necessitam de alimentos para se manterem vivos. Os alimentos também são consumidos por prazer, em evento social: conforme as datas comemorativas, consumimos um tipo de alimento. No natal, alguns comem peru, tender, chester, coelho, cabrito, nozes, uva passa, frutos do mar, cerejas, peixes; na páscoa, chocolate, bacalhau; no campo de futebol, cachorro quente, sanduíche de pernil, espetinho, pipoca; em festa junina, pinhão, paçoca, milho quente, curau etc.
O que é vida e comemoração de um lado, pode ser morte do outro, pois os alimentos também são tóxicos. Eles podem provocar a morte se não forem preparados da maneira correta, ou selecionados, conservardos e higienizados de um modo correto. O baiacu, por exemplo, ao ser preparado, necessita que se retire uma glândula tóxica presente nesse peixe; os cogumelos, em sua maioria, são tóxicas; a mandioca brava é altamente tóxica, pois ela necessita de 48 horas de fervura para o consumo, assim, obtém-se o caldo do tucupi; o ovo, se tomado pela salmonela, pode levar à morte; o palmito, se mal conservado e higienizado, pode causar botulismo. Daí podemos notar que os alimentos estão numa fronteira sutil entre a vida e a morte.
Selecionei, entre os exemplos acima, algumas características de alimentos que podem transformar a vida na morte:
Cogumelo
“ Os fungos grandes e comestíveis, como o “Champignon” (Agaricos) e os do gênero Amanita, com famílias extremamente venenosas, são normalmente chamados cogumelos. A grande maioria de fungos é microscópica e pouco conhecida, como bolores que colonizam os alimentos em decomposição” (KINGSLEY).
Mandioca Brava
“ Do líquido venenoso resultante do prensamento, no tipiti, fermentando ao sol e fervido longamente, obtinha-se a manicuera ou o tucupi, usados no caxiri, ou como caldo, com batata-doce, cará-roxo ou branco ou frutas, carnes e peixes, com ou sem pimenta, e no nosso tacacá” (FERNANDES, Caloca).
Os limites entre a vida e a morte são estreitos. Os alimentos, inicialmente concebidos como fonte de vida e energia, podem também matar se não consumidos adequadamente. A natureza, muitas vezes, não avisa ao homem onde é que a morte encontra-se, cabe ao homem descobrir o mistério e tentar manter sua vida. Todavia, morre-se um pouquinho por dia. Basta pensarmos que o leite, que começamos a beber no seio de nossa mãe, pode aumentar o colesterol e levar ao infarte, entupimento de veia, derrame etc. A vida é inexorável. Nascer é começar a morrer. Os alimentos, de vida ou de morte, compõem o percurso do homem.

Hora de fazer

Pernil

500g de pernil
500 ml de vinho branco seco
30g de manteiga
3 cebolas
1 cenoura
5 dentes de alho
Sal a gosto

Modo de preparo

Limpe a carne do pernil, deixando um pouco de gordura. Tempere-o com cenoura cortada em cubos, cebola, e alho picado, vinho, sal e pimenta. Deixe marinar por, pelo menos, 12 horas. Pré-aqueça o forno a 220°C. Espalhe sobre o pernil a manteiga (besuntar); cubra com os temperos. Coloque mais um pouco de sal, se necessário. Leve ao forno descoberto para assar.

Quando formar uma casca por baixo, coloque água no fundo da assadeira para obter um líquido. Vire o pernil; quando estiver dourado, cubra com papel-de-alumínio, deixe-o coberto até amolecer a carne. Retire-o e corte-o em tiras.

Referências bibliográficas
FERNANDES, Caloca. Viagem gastronômica através do Brasil. 8. ed. São Paulo: Senac, 2007.
KINGSLEY, Rebecca. Cogumelos guia prático. Tradução de Dinah de Abreu Azevedo. São Paulo: Nobel, 1999.
HOUAISS, Antonio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
Referência do trecho da música “Tenho sede”
Disponível em:

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